Foi presa, pela primeira vez, em 16 de Setembro de 1953, por pertencer ao MUD juvenil e por ter tomado parte no III. Congresso Mundial da Juventude Democrática, em Bucareste, em 7 de Agosto desse ano. Solta em 28 de Janeiro de 1954, Cecília foi, de novo, presa, com o seu marido Pedro Ramos de Almeida, sendo ambos acusados de serem funcionários do PCP e da comissão central MUD J. Novamente detida, em 1955, foi condenada, em 1957, a dois anos de prisão, já expiada com a prisão preventiva sofrida. Começou a cumprir a medida de segurança, em 13 de Junho desse ano, sendo apenas solta condicionalmente, em 16 de Março de 1959, indo residir para Rio de Mouro. Foi, de novo, presa, em 30 de Janeiro de 1966, quando residia em Lisboa, estando o marido fora do país. Foi então acusada de de ajudar a FAP, onde militava a sua irmã Fernanda Ferreira Alves, casada com Francisco Martins Rodrigues, a quem dera guarida em sua casa. Foi libertada, quinze dias depois, ficando os autos a «aguardar produção de melhor prova».

Natural da Póvoa de santa Iria era mulher de um militante do PCP e mãe de Alice Capela da Silva. Ingressou na clandestinidade, em 1953, com o marido, regressando à legalidade, quando este foi preso. Depois da libertação deste, ela voltou à clandestinidade, onde viveu com a filha, Alice, e Joaquim Carreira, que também foi preso, numa casa na Pontinha (57-58). Depois foi viver como companheira do funcionário João Alberto Raimundo, também preso, enquanto a filha, que se havia separado dela, foi viver com Adelino Pereira da Silva. Após a prisão de Raimundo, ela foi novamente viver com a filha e Adelino, noutra casa, mas por pouco tempo, pois, por indicação do PCP, foi separada de Alice, para ir viver com Duarte Nuno, em várias casas, no Lumiar e na Damaia. Ao fim de um tempo, a filha reuniu-se-lhes e passaram a viver os três, até serem presos em 1965. Aurora apenas foi solta condicionalmente, em 1 de Abril de 1969.

Nasceu, em Monforte, em 1921, e era ex-criada de servir, ingressando, em 1955, como funcionária do PCP, da qual já era militante, na clandestinidade. Foi companheira do dirigente comunista José Gilberto Oliveira, residindo um ano em Algés, dois anos nos arredores de Loures e um ano em Lisboa, com um casal. Depois foi para o Porto, onde viveu sucessivamente em seis casas clandestinas. Passou a ser companheira de João Honrado, («João»), de quem teve uma filha, que residia com eles, quando este foi preso, em 25 de Abril de 1962. Era irmã de dois outros funcionários na ilegalidade, Maria Rita Monteiro e Sebastião Monteiro. Foi presa em 18 de Julho de 1963, juntamente com o companheiro, «Ismael», com o qual vivia numa casa ilegal. Recusou responder a qualquer outra pergunta, sendo solta em 14 de Janeiro de 1964. Foi novamente detida, em 22 de Outubro do ano seguinte, na residência de José Gilberto de Oliveira, acusada de ter ligações com a FAP.

Nasceu, no Couço, em 1937. ERA assalariada rural, sendo casada com Joaquim Augusto dos Santos, quando ingressou, com este, na clandestinidade, em princípio de 1961, usando ela o pseudónimo de «Irene». Foi presa, em 12 de Abril de 1964, quando estava numa casa clandestina, com Maria Cabecinha, mulher de António Gervásio. Embora ela tenha recusado responder a qualquer pergunta da PIDE, esta polícia apurou que prestara colaboração, na Voz das Camaradas, havia vivido com uma filha, entre Agosto de 1962 e meados de 1963, em Sarilhos Grandes e, depois, numa casa clandestina em Palmela. Condenada, em 21 de Janeiro de 1965, a uma pena de dois anos e dois meses e medidas de segurança, foi libertada em 2 de Abril de 1969.

Operária, foi para uma casa do partido, para onde o pai a levou, em 1954, com 12 anos. Aos 16 anos, em 1957, começou a trabalhar, numa tipografia clandestina do PCP, sendo sucessivamente controlada por «Ivo», «Marques, «Melo» e «Gomes». Através de declarações de outros presos, a PIDE soube que Alice fora levada, em 1960, para uma casa ilegal, na rua do Lusíadas, por «Ivo», afim de aprender a arte tipográfica, com Eduardo Pires e o filho deste, Carlos Alberto Glória Pires. Em 1958, foi, com a mãe, para uma casa clandestina, onde estava também Joaquim Augusto da Cruz Carreira. Depois da prisão deste, foi viver sozinha com Adelino Pereira da Silva, de quem teve um filho. Após a prisão deste, em 1963, foi viver com outro funcionário e, depois, foi para uma casa ilegal na Damaia, onde residiam Aurora Piedade Diniz, sua mãe, e Duarte Nuno Clímaco Duarte Pinto, («Neves», «Mário, «Leitão», «Norberto» e «Jorge»). Em 1964, os três mudaram para a Charneca do Lumiar, onde funcionava uma tipografia clandestina, onde ela ensinou Duarte a compor e imprimir. Em início de 1965, os dois e a mãe de Alice, Aurora, foram presos. Apenas libertada condicionalmente, em Setembro de 1969, Alice foi, primeiro viver para a Póvoa de Santa Iria e, após a libertação de Adelino, foi residir com ele para o Barreiro.

aidapaulo.JPGNatural de campo de Ourique, Lisboa, entrou para o PCP, em 1936, quando tinha 18 anos, num período em que o pai, pintor da construção civil, estava deportado desde 1927. A mãe, tecedeira numa fábrica, só aprendeu a ler aos 46 anos, na clandestinidade, onde se juntou a Aida. Esta começou por ser operária e, após o pai falecer, em Outubro de 1938, foi para a clandestinidade, em 1939. Um ano depois, porém, o seu companheiro foi preso e ela voltou para casa da mãe, com a qual foi depois para a clandestinidade, ocupando-se as duas de uma tipografia do PCP. Denunciadas por um provocador que entregou a chave da sua casa à PVDE, foram as duas presas. Embora só tivesse sido condenada a 12 meses, permaneceu durante 18 meses de presa, até ser libertada, em 27 de Outubro de 1940. Regressou à clandestinidade com sua mãe, participando na organização do III Congresso do PCP (1943). Dois anos depois, mão e filha separaram-se, transferidas, cada uma, para a sua tarefa e ficaram durante sete anos sem se verem. Em 2 de Dezembro de 1958, Aida foi presa, pela segunda vez, numa casa clandestina na Rua Castilho, em Lisboa. Julgada a 25 de Novembro de 1960, foi condenada a dois anos e meio de prisão e medidas de segurança. Obteve a liberdade condicional a 14 de Janeiro de 1965, com a saúde muito abalada. A sua mãe, entretanto muito doente, tinha saído da cadeia e, como não tinham mais família, Aida ficou na legalidade a tratar da dela, até Luísa Paulo morrer em 1966. Aida teve um esgotamento nervoso. Ainda foi presa uma terceira vez, em 18 de Julho de 1967, quando vivia na legalidade, sendo absolvida, no ano seguinte, após nove meses de detenção.

[ADENDA (JPP): Aida Paula faleceu em Outubro de 1993.]

 

ADTERRUTA.JPG

Ex-operária corticeira, nasceu em Grândola, em 1939. Foi, pela primeira vez presa em Março de 1956, juntamente com Maria Augusta Brito Carrusca, na Baixa da Banheira, tinham as duas 17 anos e eram ambas corticeiras, por terem recolhido assinaturas para aumento e garantia de seis horas de trabalho. Adélia Terruta foi solta em 15 de Maio do ano seguinte. Voltou a ser detida, em 27 de Novembro de 1958, acusada deer funcionária do PCP, desde 1957, a viver na clandestinidade em companhia do membro do CC, Américo Gonçalves de Sousa, «O Russo» e «Abel». Em 9 de Dezembro de 1958, Adélia baixou, sob prisão ao Hospital de Santa Maria, para ter uma criança e, depois, ao ser de novo internada, no ano seguinte, evadiu-se, em 11 de Novembro, do Hospital de Santa Maria. Em 1961, foi condenada à revelia a dois anos e meio de prisão maior e medidas de segurança. Recapturada em 8 de Outubro de 1965, quando vivia na clandestinidade com Avelino Saraiva, «O Lino», foi remetida a tribunal mas libertada em Novembro do ano seguinte. Após sair da cadeia, foi referenciada pela PIDE, a viver na Baixa da Banheira, em 1968. Em 1970, Adélia Terruta emigrou para os EUA, onde fixou residência, casou com um norte-americano e teve um filho.

 

ACTUALIZADO

Personalidades da oposição política, social e cultural ao regime do Estado Novo falecidas em 2005-6:

António Simões de Abreu (1923-2005) – Militante do MUDJ, MND e PCP na clandestinidade, com um papel importante na campanha de Delgado, preso político.

//www.mdn.gov.pt/Defesa/Historia/Ministros_Defesa/Dr_Leonardo_Ribeiro_de_Almeida.jpg” cannot be displayed, because it contains errors.Leonardo Ribeiro de Almeida (1924-2006) – Advogado, activista da campanha de Humberto Delgado, fundador do PSD.

Atilano Jorge dos Reis Ambrósio – "Jorge Reis" (1926-2005)

Corino de Andrade ( 1906-2005)

 

José Salgueiro de Barros (?-2006) – Militante do PCP.

Ludgero Pinto Basto (1909-2005)

Vasco Cabral (1926-2005)

Edgar Maciel Correia ( 1845-2005)

Orlando da Costa (1930-2006) – Escritor, militante do PCP na clandestinidade.

José António Cunha (1915-2005) – Militante clandestino do PCP, preso político.

Júlio Diniz (1925-2006) – Fotógrafo profissional, colaborador de vários jornais e membro do PCP.

Jaime Pires Ferreira (1927-2005) – Militante clandestino do PCP desde 1954.

Felisberto Henrique Gomes (1928-2006) – Operário participante nas greves de 1944, militante do PCP na clandestinidade.

José Gouveia (1915-2006) – Funcionário das Finanças, depois professor particular, militante do PCP na clandestinidade, preso político.

https://i0.wp.com/img.photobucket.com/albums/v204/ideias/IlseLosa.jpgIlse Losa (1913-2006) – Escritora, judia, de origem alemã, refugiada em Portugal.

Ester da Conceição Avelar Martins (1916-2006) – Militante do PCP na clandestinidade.

José Carlos Quintas de Morais (?-2006) – Funcionário municipal, militante do MDP/CDE e do PCP.

Jerónimo Caldas Monteiro (1919-2006) – Militante do PCP na clandestinidade, preso político.

 

Vitor Palla (1922-2006) – Arquitecto, fotógrafo, membro do PCP desde os anos quarenta.

 

Joaquim Eduardo Pereira (1921-2005) – Operário, militante do PCP, participa no Golpe de Beja, afasta-se do PCP aproximando-se do anarquismo.

//www.artistasunidos.pt/actores/glicinia_quartin2_small.jpg” cannot be displayed, because it contains errors.Glicínia Quartin (1924-2006) – Actriz, militante do MUDJ.

//www.pcp.pt/ar/legislativas05/apoiantes/thumbs/artur-ramos.jpg” cannot be displayed, because it contains errors. Artur Ramos (1926-2006) – Actor, encenador, realizador.

 

João Cunha Serra (1921-2005) – Engenheiro, membro do Conselho Português da Paz e da Cooperação, membro do MDP/CDE.

//www.pcp.pt/publica/militant/235/p53.jpg” cannot be displayed, because it contains errors.José Vitoriano (1918-2006) – Operário, militante, funcionário e dirigente clandestino do PCP, preso político.

 

São bem-vindas todas as colaborações para a elaboração das suas notas biográficas.

Em anexo: a lista de outras notas biográficas que falta completar:

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MORTE DE VITOR PALLA (1922-2006)

Morreu em 28 de Abril de 2006 Vitor Palla, arquitecto e fotógrafo, membro do PCP desde os anos quarenta. Sobre a sua obra escreveu o Avante! de 25/5/2006

 

"Faleceu, recentemente, o arquitecto Vítor Palla, uma das personalidades mais multifacetadas, talentosas e também mais insuficientemente valorizadas da arquitectura, da arte e da cultura do século XX português. Comunista de longa data, manteve contacto com o PCP desde o início da década de 1940. Foi um dos organizadores das Exposições Gerais de Artes Plásticas que, nas décadas de 40 e 50, desempenharam um tão importante papel na resistência cultural ao fascismo. Como arquitecto, trabalhando em muitos projectos em parceria com Bento de Almeida, realizou uma obra de notável afirmação criativa das concepções do Movimento Moderno, em edifícios de habitação individual e colectiva, em escolas, em instalações industriais. Inovou a imagem de espaços comerciais urbanos, nomeadamente restaurantes e cafés, alguns dos quais se tornaram emblemáticos da Lisboa dos anos 50 e 60. Recuperou a revista «Arquitectura», de que foi director a partir de 1952 e onde publicou importantes textos teóricos e de crítica. Foi um notável desenhador e pintor. Foi um inovador nas artes gráficas. Editou algumas das obras mais marcantes da literatura do nosso século, portuguesas e estrangeiras, em vários casos sendo ele próprio quem traduzia e desenhava as capas. Foi um excepcional e pioneiro fotógrafo. "

 

Sobre Vitor Palla ver no Ultraperiférico uma série de ligações a textos sobre a sua obra:

Imagens da Cidade

Fuga para a Vitória

hula.dancing

Paula Lobo, "Vitor Palla despede-se da cidade que fotografou", Diário de Notícias, 30/4/2006

https://i0.wp.com/www.tintafresca.net/arquivo/n16/lojacid/imagens/alenquer-mariabarroso1.jpg

Numa entrevista dada a Maria João Seixas e publicada na Pública de 28 de Maio de 2006, Maria Barroso fala da sua formação política e das actividades culturais da oposição no final da década de quarenta:

MJS – Mas, entretanto, aconteceu que a política acabou com a sua carreira no D. Maria II.

MB – Pois foi. Na faculdade tinha dois ou três grupos distintos de amigos – os da política eram os que mais me entusiasmavam, até pelo exemplo do meu pai, que já tinha estado preso e deportado nos Açores, mas havia também o grupo ligado ao teatro e à poesia, do Luís Filipe Lindley Cintra, da Maria de Lourdes Belchior, do Eurico Lisboa, do Sebastião da Gama (que estava sempre a tentar afastar-me dos políticos!).

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